Servidores e o Sintrasef participaram nesta quarta-feira
(25/10) da audiência pública pela revogação da Portaria 1.129/2017 realizada na
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A portaria publicada pelo
governo Temer como moeda de troca pelos votos de deputados federais que o
livraram de mais uma denúncia de corrupção modifica regras e afrouxa a
fiscalização contra o trabalho escravo no país.
O Sintrasef foi um dos membros da mesa de debates e deixou
claro que não arredará pé da luta pelos direitos dos servidores no propósito da
prestação de bons serviços para a população. “Estamos aqui para denunciar o
sucateamento e o ataque direto ao servidor público, ao conjunto dos
trabalhadores e a população em geral”, afirmou Maxwell Santos, diretor do
Sintrasef e servidor do Ministério da Saúde, ao analisar como a portaria fere
as funções dos auditores fiscais do trabalho, dificultando suas autuações e
facilitando a prática de trabalho escravo no país, para infelicidade de muitos
e deleite de poucos senhores de engenho e empresários travestidos de políticos,
ou vice-versa.
Atualmente os auditores fiscais do trabalho podem caracterizar
o trabalho escravo em quatro situações: trabalho forçado, jornada exaustiva,
restrição à liberdade de locomoção e trabalho degradante. Com a portaria do
governo golpista, será considerado trabalho escravo “apenas” a atividade
exercida sob violência ou restrição à liberdade de locomoção.
Publicada no dia 16 de outubro pelo Ministério do
Trabalho, a portaria foi suspensa nesta terça-feira (24/10) por liminar do
Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, a liminar só vale até o julgamento
da ação proposta pelo partido Rede Sustentabilidade contra a portaria, que
ainda não tem data marcada.
Na crescente destruição pelo governo golpista de um
Estado que sirva a todos, o diretor do Sintrasef chamou a atenção do deputado
Paulo Ramos (Psol) e demais integrantes da mesa para a tentativa de se acabar
com a estabilidade no serviço público. “O fim da estabilidade do servidor público
é um ataque direto a todos. Por que? Vão querer terceirizar pela lógica do
lucro, e não do serviço digno à população, que ficará sem acesso a serviços
mínimos garantidos pela Constituição”, disse Maxwell Santos, que como agente de
saúde também denunciou a falta de exames preventivos regulamentados por lei
para os agentes de combate à endemias, o que leva à intoxicações e mortes.
Ao concordar com o diretor do Sintrasef e chamar todos
para conter os ataques golpistas o deputado foi taxativo: “Estão querendo
precarizar as relações no serviço público. Já estão discutindo acabar com a
estabilidade do servidor, fazer a terceirização na atividade fim. E aí estão
terceirizando os serviços públicos, transferindo responsabilidades públicas
para a iniciativa privada. Quer dizer, não é o Estado mínimo, é o Estado nenhum
o que eles estão perseguindo. E cabe a nós não permitir!”.
Ataques à DRT do Rio
Antes de seguirem para a audiência pública na Alerj
servidores e o Sintrasef participaram de ato de protesto em frente ao prédio da
Delegacia Regional do Trabalho (DRT) no Rio. O protesto foi contra outra
portaria do Ministério de Trabalho sob a gestão golpista, desta vez centrada no
estado fluminense.
A Portaria 478 revoga o turno ininterrupto de trabalho de
12 horas, com duas jornadas de seis para os servidores, para atendimento à
população e instaura o turno único de oito horas. Os servidores trabalharão
duas horas a mais, outros serão desviados de função, e a população terá mais
dificuldades em conseguir emitir a Carteira de Trabalho, fazer homologações e
retirar o Seguro Desemprego.
Além da portaria que modifica horários e reduz o
atendimento, o governo ilegítimo também tenta mudar o endereço da DRT no Rio,
transferindo-o do histórico prédio de conhecimento de todos e fácil acesso na
região do Castelo para outro bem menor e de difícil acesso, próximo ao
aeroporto Santos Dumont.
Somadas às criminosas reformas trabalhista e da Previdência,
a tentativa de redução de atendimento ao público e mudança de endereço do Ministério
do Trabalho fazem parte do desmonte da regulação do trabalho que Temer e seus
pares tentam implantar no país. Só esquecem que são a minoria e o conjunto de
trabalhadores unidos não permitirá, a começar pelos servidores públicos.
“Nós do Sintrasef
auxiliaremos sempre os servidores de qualquer órgão no combate aos ataques do
governo Temer. Vamos para as bases, estamos nas atividades, protestamos e
mantemos contato direto com as autoridades competentes através de documentos,
pesquisas e propostas. Não é fácil, mas não temos outro caminho a não ser a
união de servidores e população nas ruas contra esse governo ilegítimo e suas
medidas que prejudicam a tantos”, afirmou Eliana José Bonifácio, diretora do
Sintrasef e servidora do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(DNIT), durante o protesto. (26/10/17)