O Sintrasef foi recebido no dia 19 de outubro no gabinete
da direção geral do Instituto Nacional Cardiologia (INC) para uma conversa com
o drº Luiz Henrique Pamplona. O cardiologista que trabalha há 12 anos na casa é
o atual diretor-geral interino do INC após a exoneração do drº Oscar Brito e a
nomeação do drº Rafael Diamantes, que se recusou a assumir o cargo. As
substituições foram feitas pelo ministro da Saúde Ricardo Barros (PP),
engenheiro e empresário com ligações com os planos de saúde privados e longa
ficha de investigações por corrupção.
Ao feitio do governo golpista de Michel Temer, o cargo no
INC vem sendo usado como moeda de troca política para negociatas como o engavetamento das denúncias de corrupção
contra o presidente ilegítimo e o processo de desmonte da saúde pública
federal. Frente a tal ameaça, o Sintrasef e a população se unem na defesa do
instituto com 44 anos de existência, que atende em média 500 pacientes por dia,
faz formação de médicos e enfermeiros, coordena tecnicamente todo o material
cardiológico que entra no país e emprega 1200 servidores entre médicos,
enfermeiros e auxiliares administrativos.
“O ministro da Saúde reduziu a verba da instituição em
mais ou menos 30%, e a demanda só aumenta devido ao desmonte das UPAs (Unidade
de Pronto Atendimento). Sem verbas nós estamos caminhando para o caos. Isto é
proposital da política perversa do PMDB, que é a destruição da saúde pública
brasileira”, afirma Iraci Rosa, servidora do INC que participou da conversa com
diretor-geral interino junto a Maxwell Santos, servidor do Ministério da Saúde
e diretor do Sintrasef.
Veja abaixo as principais avaliações do drº Luiz Henrique
Pamplona sobre o momento do INC:
Transição
difícil
“Apesar de ter havido uma tempestade, a retirada de um
diretor e a não entrada de outro, eu entro como substituto apenas para manter a
calma das pessoas”.
Interinidade
“Estou como substituto do drº Oscar Brito e o drº Rafael
Diamantes não assumiu o local. A nomeação ou não cabe ao ministro da Saúde, ele
dirá se eu fico ou não. Enquanto não houver uma pessoa especificamente para
assumir oficialmente, por Diário Oficial, o lugar que hoje estou ocupando, eu
interinamente vou manter o hospital. O que eu estou tentando fazer é deixar o
hospital completamente calmo em relação ao seu funcionamento e assistência à
população. Estou tentando manter o trabalho completamente linear para não
desabastecer o hospital e o atendimento à população. Gostaria que o Sintrasef
passasse para os servidores que o Instituto Nacional de Cardiologia (INC)
continua com o mesmo padrão de atendimento à população”.
Prazo
de interinidade
“Não tem prazo para a interinidade. Teve prazo para o
diretor que foi nomeado tomar posse, uma vez que ele não tomou, o prazo dele
passou. O interino continua”.
Visão
desse um mês de gestão
“O hospital continua trabalhando do mesmo jeito. O que
vejo é que como a Saúde do Estado e do Município ficaram defasadas por questões
de verba e etc, a gente ficou um pouco mais sobrecarregado, mas não vai fazer a
gente deixar de dar assistência à população”.
Administração
do dia a dia
“Nada mudou, continuamos atendendo pacientes, cirurgias e
demandas das secretarias estadual e municipal. O hospital continua o mesmo
cientificamente, a nível de produção e a nível de atendimento à população. Em
momento algum o hospital ficou sem uma voz ativa. Os servidores e pacientes
podem ficar tranquilos. As demandas do hospital e do instituto são decididas aqui
na administração. Existe uma pessoa responsável por isso administrativamente e
legalmente, e essa pessoa sou eu. Eu assumo as responsabilidades em relação à
gestão. Sou o responsável pela organização de despesas, sou o responsável pelas
coisas em relação aos insumos, responsável pela questão de pessoal e clínica.
Estamos em luta para conseguir melhorias junto ao ministério da Saúde”.
Insumos
“Eu como ordenador de despesas posso dizer que estamos
sempre fazendo compras para não haver a possibilidade de falta. Como somos um
hospital de alta complexidade, a gente tem que correr atrás não só de verbas
como também dos insumos”.
Risco
de Privatização
“Essa é uma opinião pessoal. Eu não acho que vá
privatizar o INC. O INC não tem estrutura física para ser privatizado. Ele vai
continuar público, com atendimento à população, a não ser que haja uma canetada
lá de cima. Mas é uma preocupação e uma ideia que eu acho que podem ser
esvaziadas nesse momento, apesar do país estar passando por uma crise altamente
política etc e etc”.
Contratos
temporários e terceirizados
“Em relação aos contratos temporários eu posso dizer que
é uma luta de todos os hospitais federais e dos institutos para se conseguir
que se tenha uma renovação. Especificamente o trabalho que fizemos aqui foi
levantar todas as pessoas que tem contrato temporário e entregar ao
Departamento Geral dos Hospitais uma planilha de todos os contratos temporários
que a gente gostaria que fossem renovados, porque alguns setores aqui do
hospital trabalham só com contratos temporários. Essa é uma preocupação muito
grande nossa e de todos os hospitais federais. O que o ministro diz é que
haverá uma renovação. A gente diz que essa renovação tem que ser urgente e
entregamos essa planilha”.
“É uma preocupação grande porque isso mexe com
subsistência de pessoas, família e um monte de coisas. Então é claro que
estamos prestando atenção a isso, mas também depende do Ministério da Saúde
dizer que vai renovar os contratos no INC a partir da planilha que foi
apresentada. Aí mais um tempo de contrato temporário haverá para esses
funcionários. Então nesse sentido eu queria acalmar os funcionários porque tudo
continuará a mesma coisa”. (1/11/17)
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