quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Sintrasef entrevista diretor interino do INC sobre crise no instituto

O Sintrasef foi recebido no dia 19 de outubro no gabinete da direção geral do Instituto Nacional Cardiologia (INC) para uma conversa com o drº Luiz Henrique Pamplona. O cardiologista que trabalha há 12 anos na casa é o atual diretor-geral interino do INC após a exoneração do drº Oscar Brito e a nomeação do drº Rafael Diamantes, que se recusou a assumir o cargo. As substituições foram feitas pelo ministro da Saúde Ricardo Barros (PP), engenheiro e empresário com ligações com os planos de saúde privados e longa ficha de investigações por corrupção.
Ao feitio do governo golpista de Michel Temer, o cargo no INC vem sendo usado como moeda de troca política para negociatas como o  engavetamento das denúncias de corrupção contra o presidente ilegítimo e o processo de desmonte da saúde pública federal. Frente a tal ameaça, o Sintrasef e a população se unem na defesa do instituto com 44 anos de existência, que atende em média 500 pacientes por dia, faz formação de médicos e enfermeiros, coordena tecnicamente todo o material cardiológico que entra no país e emprega 1200 servidores entre médicos, enfermeiros e auxiliares administrativos.
“O ministro da Saúde reduziu a verba da instituição em mais ou menos 30%, e a demanda só aumenta devido ao desmonte das UPAs (Unidade de Pronto Atendimento). Sem verbas nós estamos caminhando para o caos. Isto é proposital da política perversa do PMDB, que é a destruição da saúde pública brasileira”, afirma Iraci Rosa, servidora do INC que participou da conversa com diretor-geral interino junto a Maxwell Santos, servidor do Ministério da Saúde e diretor do Sintrasef.
Veja abaixo as principais avaliações do drº Luiz Henrique Pamplona sobre o momento do INC:

Transição difícil
“Apesar de ter havido uma tempestade, a retirada de um diretor e a não entrada de outro, eu entro como substituto apenas para manter a calma das pessoas”.

Interinidade
“Estou como substituto do drº Oscar Brito e o drº Rafael Diamantes não assumiu o local. A nomeação ou não cabe ao ministro da Saúde, ele dirá se eu fico ou não. Enquanto não houver uma pessoa especificamente para assumir oficialmente, por Diário Oficial, o lugar que hoje estou ocupando, eu interinamente vou manter o hospital. O que eu estou tentando fazer é deixar o hospital completamente calmo em relação ao seu funcionamento e assistência à população. Estou tentando manter o trabalho completamente linear para não desabastecer o hospital e o atendimento à população. Gostaria que o Sintrasef passasse para os servidores que o Instituto Nacional de Cardiologia (INC) continua com o mesmo padrão de atendimento à população”.  

Prazo de interinidade
“Não tem prazo para a interinidade. Teve prazo para o diretor que foi nomeado tomar posse, uma vez que ele não tomou, o prazo dele passou. O interino continua”.

Visão desse um mês de gestão
“O hospital continua trabalhando do mesmo jeito. O que vejo é que como a Saúde do Estado e do Município ficaram defasadas por questões de verba e etc, a gente ficou um pouco mais sobrecarregado, mas não vai fazer a gente deixar de dar assistência à população”.

Administração do dia a dia
“Nada mudou, continuamos atendendo pacientes, cirurgias e demandas das secretarias estadual e municipal. O hospital continua o mesmo cientificamente, a nível de produção e a nível de atendimento à população. Em momento algum o hospital ficou sem uma voz ativa. Os servidores e pacientes podem ficar tranquilos. As demandas do hospital e do instituto são decididas aqui na administração. Existe uma pessoa responsável por isso administrativamente e legalmente, e essa pessoa sou eu. Eu assumo as responsabilidades em relação à gestão. Sou o responsável pela organização de despesas, sou o responsável pelas coisas em relação aos insumos, responsável pela questão de pessoal e clínica. Estamos em luta para conseguir melhorias junto ao ministério da Saúde”. 

Insumos
“Eu como ordenador de despesas posso dizer que estamos sempre fazendo compras para não haver a possibilidade de falta. Como somos um hospital de alta complexidade, a gente tem que correr atrás não só de verbas como também dos insumos”.

Risco de Privatização
“Essa é uma opinião pessoal. Eu não acho que vá privatizar o INC. O INC não tem estrutura física para ser privatizado. Ele vai continuar público, com atendimento à população, a não ser que haja uma canetada lá de cima. Mas é uma preocupação e uma ideia que eu acho que podem ser esvaziadas nesse momento, apesar do país estar passando por uma crise altamente política etc e etc”.

Contratos temporários e terceirizados
“Em relação aos contratos temporários eu posso dizer que é uma luta de todos os hospitais federais e dos institutos para se conseguir que se tenha uma renovação. Especificamente o trabalho que fizemos aqui foi levantar todas as pessoas que tem contrato temporário e entregar ao Departamento Geral dos Hospitais uma planilha de todos os contratos temporários que a gente gostaria que fossem renovados, porque alguns setores aqui do hospital trabalham só com contratos temporários. Essa é uma preocupação muito grande nossa e de todos os hospitais federais. O que o ministro diz é que haverá uma renovação. A gente diz que essa renovação tem que ser urgente e entregamos essa planilha”.

“É uma preocupação grande porque isso mexe com subsistência de pessoas, família e um monte de coisas. Então é claro que estamos prestando atenção a isso, mas também depende do Ministério da Saúde dizer que vai renovar os contratos no INC a partir da planilha que foi apresentada. Aí mais um tempo de contrato temporário haverá para esses funcionários. Então nesse sentido eu queria acalmar os funcionários porque tudo continuará a mesma coisa”. (1/11/17)
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