Servidores,
trabalhadores de diversos setores e estudantes estiveram entre as cerca de 100
mil pessoas que foram à
praia de Copacabana, no Rio, neste domingo (28/5), para participar do ato
promovido por artistas e movimentos populares exigindo a imediata saída do
presidente golpista Michel Temer e a realização de eleições diretas. Os atos
populares devem seguir por todo o país até que Temer deixe a presidência e a
população possa escolher com o seu voto quem ocupará seu lugar até 2018.
O ato-show começou por
volta das 11h e foi até as 18h30. Reuniu intelectuais, músicos, atores,
parlamentares e lideranças sindicais. No palco, destaques para Caetano Veloso,
Milton Nascimento, Mano Brown, Rappin Hood, Mart'nália, Teresa Cristina,
Criolo, Cordão da Bola Preta,, Otto, Maria Gadú, BNegão, Elisa Lucinda, os
atores Wagner Moura, Gregório Duvivier, Osmar Prado, Antonio Pitanga, Bemvindo
Siqueira, entre outros.
As apresentações
musicais foram intercaladas com discursos que terminavam em coros de
"Fora, Temer!" e "Diretas Já". Sem presença ostensiva de
força policial, o ato transcorreu o tempo todo de forma pacífica e nenhum
incidente foi registrado.
"A gente tem hoje um presidente ilegítimo,
impopular e criminoso. E esse Congresso, com maioria investigada por crime de
corrupção, não tem moral para eleger um novo presidente, não pode. Só as
eleições diretas vão tirar o país desse buraco em que a gente está hoje",
defendeu Gregório Duvivier.
Cantora, poeta e atriz, Elisa Lucinda fez um
pronunciamento em favor do amadurecimento da cidadania e da democracia
brasileiras, e dos direitos dos trabalhadores. "Dirão para eu deixar de
ser boba, porque desde Cabral todo mundo rouba. Eu digo que não, esse será meu
Carnaval, só com o tempo a gente consegue ser ético e livre, e não admito que
tentem tirar minha esperança. Não dá para mudar o começo, mas podemos mudar
esse final", afirmou ela.
Greve Geral
O presidente da CUT, Vagner Freitas, e o coordenador
da Frente Povo Sem Medo, Guilherme Boulos, reafirmaram a disposição para a
mobilização popular pelo restabelecimento da normalidade democrática no país.
Freitas afirmou que vai chamar greve geral caso as
reformas continuem tramitando no Congresso. "Não adianta o 'Fora, Temer!'
e manter as reformas. Por que a Globo golpista quer derrotar o Temer? Porque
eles acham que o Temer não consegue aprovar as reformas, então eles querem
colocar um golpista pior para acabar com nossa aposentadoria. Deixo um comunicado
a todo o povo: se as reformas continuarem, já convoco os trabalhadores e
trabalhadores a fazer a maior greve geral da história do país".
Para Boulos, "esse grande ato-show pelas
'Diretas Já' vai além dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda. Esse
movimento representa os 85% da população brasileira que quer escolher seu
presidente. A população sabe que a única saída para a crise política é chamar o
povo a decidir. Hoje o grito é em Copacabana, mas esse movimento vai tomar o
país nas próximas semanas".
PEC das Diretas
Parlamentares também
marcaram presença no ato. "Para aqueles que falam que não existe solução
jurídica para fazer diretas, eu digo que isso é falso! Na terça-feira vamos
votar na Comissão de Constituição e Justiça do Senado a PEC das Diretas. E já vamos
mandar um recado para aquele Congresso: nós não vamos participar de nenhuma
eleição indireta! Só o povo pode dar legitimidade a um novo presidente da
República!", disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
"A gente está onde a gente deveria sempre estar,
nas ruas. Chegou a hora de derrotar a cultura do golpe, tem de ter eleições
diretas imediatamente", afirmou o deputado estadual Marcelo Freixo
(Psol-RJ).