Cerca de 60 mil pessoas tomaram a
Avenida Rio Branco, no Centro do Rio, nesta quinta-feira (18/5), em marcha para
intensificar as manifestações populares contra o governo golpista de Michel
Temer. O ato foi organizado na quarta-feira (17/5), logo após a divulgação da
conversa entre Temer e Joesley Batista, dono da JBS, que somente confirmou o
que toda a população já sabia: O presidente interino Temer é corrupto e quer
atacar ainda mais os trabalhadores e a juventude do país. Entre outras
infrações ao papel de presidente da República, Temer pediu para Joesley
continuar pagando propina ao ex-deputado Eduardo Cunha, presidiário da operação
Lava jato.
A classe trabalhadora mostrou que
a soberania popular é a principal fonte da democracia. As manifestações
anti-Temer também reuniram milhares na Av. Paulista, em São Paulo, e em
Brasília na noite de quarta-feira (17/5), com palavras de ordem como “diretas
já” e “golpistas, fascistas não passarão”. Presente à manifestação, o deputado
estadual Waldeck Carneiro (PT) defende que atos como o de quinta-feira se
repitam “até que a gente consiga de uma vez por todas depor esse presidente,
que desde o primeiro dia é ilegítimo, e agora mais ainda, já que está
claramente envolvido em atividades criminosas e de obstrução da justiça”.
Após a saída de Temer, o deputado
vê a necessidade da própria população escolher o seu presidente. “Precisamos
conseguir a convocação de eleições diretas, o que vai necessitar em uma mudança
na Constituição. Temos que mudar a Constituição para que a gente possa ter este
ano ainda as eleições diretas”, disse o parlamentar.
Para as centrais sindicais e
movimentos sociais, o que a população deve fazer é fortalecer a luta, pois tem
o poder de intervenção indo para às ruas, militando nas redes, cobrando os
deputados para que se tenha uma representatividade mais potente. “A rua tem
mais poder do que eles gostam de fazer a gente supor. Eu acho que a gente tem
uma possibilidade completa porque a PEC do deputado Miro Teixeira (que prevê as
eleições diretas caso Temer caia) vai ser votada na próxima semana. Se a gente
fizer pressão suficiente legalmente, institucionalmente, é possível”, afirmou
Flora Daemon, professora do curso de Comunicação Social da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Alternativa TSE
O diretor do sindicato dos
Bancários Sergio Amorim afirma que qualquer análise nesse momento precisa ser
muito fria. Ele acredita que as cartas ainda não estão todas na mesa e que há
várias possibilidades, uma delas é a eleição indireta com uma posterior
prorrogação do mandato. Outra possibilidade de uma vitória popular é a garantia
de eleições diretas. Para ele, “nesse momento existe uma possibilidade de
eleições diretas já colocada que é a votação pelo TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) da impugnação da chapa, isso cancelaria as eleições e chamaria
eleições diretas. O objetivo agora é fortalecer o ato do dia 24, Ocupa
Brasília, e botar mais de cem mil pessoas no Planalto, para mostrar para o
Congresso qual é a verdadeira posição do povo brasileiro”. Para alcançar as
eleições diretas, de acordo com Amorim, o caminho é “construir uma grande greve
geral, que envolva todos os setores, servidores públicos, trabalhadores
privados, que paralise o Brasil”.
Força popular x Mídia golpista
Se depender das ruas, certamente
os trabalhadores terão uma força maior para conseguir disputar poder com quem
está majoritariamente planejando contra a população brasileira. Em momentos de
crise política como este, a mídia golpista tenta o controle político da
situação. “O que temos que mostrar para a Globo e para todos os veículos de
comunicação é que quem vai estar no comando desse processo é o povo, porque o
povo não quer mais ser subalterno nessas discussões, nós somos os protagonistas
disso e a gente vai tomar posse do que é nosso de direito”, declarou Daemon.