O dia 28 de abril
amanheceu com terminais de ônibus, aeroportos e barcas vazios devido à greve
geral da classe trabalhadora contra o projeto de desmonte dos direitos
comandado pelo presidente ilegítimo Michel Temer. O objetivo foi encher as
ruas, esvaziar os locais de trabalho e barrar a produção. A greve geral contou
com a adesão de mais de 35 milhões de trabalhadores no país todo. Durante ato
na Cinelândia, no Rio, os manifestantes foram duramente reprimidos pela PM, que
se utilizou de técnicas de armadilha e perseguição para impedir o protesto democrático
dos cidadãos.
O servidor do Instituto
Nacional de Educação de Surdos (Ines)
e diretor do Sintrasef, Dumenil Eliodoro, contou como se deu a repressão
policial no ato do Rio, no dia da greve geral da classe trabalhadora. “Nós
estávamos aqui em uma manifestação pacífica com crianças, mulheres, pessoas de
idade. O poder de segurança nos atacou absurdamente. Nós estamos vivendo uma
falsa democracia, nem na ditadura nós vimos essa situação, isso é um absurdo,
não podemos admitir. Temos que reagir e dizer cada vez mais ‘fora, Temer’ e
fora todos os corruptos que têm destruído o nosso país e tirado todos os nossos
direitos como trabalhadores. O povo não vai se curvar, e o povo unido jamais
será vencido. Trabalhadores, nós temos que nos unir a cada instante, temos que
lutar contra esse sistema de governo corrupto que tem dilacerado os direitos
dos trabalhadores”.
No dia 1º de maio, dia
internacional do trabalhador, servidores, sindicatos, centrais sindicais, movimentos
populares e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo voltaram a ocupar as ruas
para dar continuidade à jornada de lutas e protestar contra a violência
policial. A manifestação ocorreu na Cinelândia, local transformado em praça de
guerra na sexta-feira (28/4).
Centrais reunidas para
definir próximos passos
Nesta quinta-feira
(4/5), centrais sindicais e movimentos sociais se reunirão em Brasília para
discutir os próximos passos. As
alternativas são uma marcha de 100 mil pessoas até a capital federal ou uma
nova greve geral. Também é possível que ambas as ações aconteçam. Haverá também
um diálogo com o Congresso para debater o destino da reforma trabalhista,
aprovada na Câmara.
De acordo com pesquisa
Datafolha divulgada no domingo (30/4), 89% da população reprovam a atuação do
golpista Michel Temer e 71% são contra a reforma da Previdência. “Volto a
dizer aos parlamentares, o Temer não tem compromisso com popularidade, porque
tem prazo de validade, vamos tirá-lo já ou até outubro. Já os deputados e
senadores que quiserem continuar vão ter de ter voto e quem votar nas reformas
teremos o prazer de divulgar para que não se reelejam em 2018” , afirmou o presidente
nacional da CUT, Vagner Freitas.
Presos Políticos
No sábado (29/4), a
juíza Marcela Filus Coelho decidiu manter a prisão de três militantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) detidos
durante a greve geral de sexta-feira (28/4), em São Paulo. O pedreiro Luciano Antonio Firmino, o frentista Juraci Alves dos Santos e o
motorista Ricardo Rodrigues dos
Santos estão sendo acusados por incitação ao crime, incêndio e explosão,
baseando-se principalmente na palavra dos PMs.
O representante do
MTST, Guilherme Boulos, alertou sobre as medidas de repressão que um governo
sem legitimidade pode tomar. “Quando um governo perde condição de governar,
recorre à repressão e criminalização contra aqueles que lutam. Os ativistas do
MTST foram detidos sob acusação esdrúxula, sem nenhuma prova, e permanecem na
carceragem do 63º DP. No sábado, o pedido de liberdade foi negado sob alegação
da juíza Marcela Filus Coelho de defesa da ordem pública, algo próprio de
regimes de exceção e autoritário que tratam assim os opositores. São presos
políticos da greve que devem ser encaminhados ao presídio. Vamos reagir a
isso”, disse.