Servidores
públicos, trabalhadores de diversos setores, sindicatos, centrais sindicais,
estudantes, movimentos sociais e a população em geral marcharam da Candelária até a Central do
Brasil, no Centro do Rio, na tarde desta quarta-feira (15/3), contra a reforma
da Previdência proposta pelo governo golpista de Michel Temer. No Dia Nacional
de Paralisações e Mobilizações estados como Acre, Bahia, Ceará, Distrito Federal,
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, entre outros, também realizaram atividades.
“Essa
mobilização é contra todos os pacotes de maldades que estão fazendo contra o
servidor público, contra toda a população, contra nós, brasileiros. Essa
mobilização é contra esse presidente, governo, ministros e toda a corja.
Precisamos vir para a rua, fazer corpo a corpo, conscientizar a população
porque a mídia não está divulgando e conscientizando o povo da gravidade desse
momento da conjuntura”, afirmou Andreia Muniz, diretora do Sintrasef e
servidora do Ministério do Transporte.
A
marcha rumo à Central do Brasil foi a última parte de um dia que começou com
várias paralisações, como em bancos e escolas. Para as centrais sindicais e
movimentos sociais parar a produção é a melhor forma de mostrar aos grandes
capitalistas que o trabalhador não irão continuar a contribuir para a sua
lucratividade, uma vez que querem retirar direitos fundamentais desses
trabalhadores.
A
mídia comercial, liderada pelas organizações Globo, e o governo golpista de
Temer seguem tentando convencer a população de que existe um déficit na Previdência.
Diversos estudos provam que esse déficit não existe. Existe, sim, é o calote de
grandes grupos empresariais. Integrante da União da Juventude Comunista (UJC) e do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, Thayane
Guimarães é uma das muitas brasileiras que sabem que o déficit é mentira.
Segundo ela, em 2015, por exemplo, a Previdência teve um superávit de 11
bilhões de reais. “Não existe rombo, o que o governo quer fazer é beneficiar
fundos de previdência privada, que são os rentistas e vão lucrar com a mentira
de que você vai ter o seu dinheiro aumentado, vai render mais se ele ficar em
um fundo de pensão privada. Então, a gente sabe que a reforma da Previdência
vem para beneficiar o setor bancário, o setor financeiro em cima de um direito
constitucional da população que foi conquistado com muita garra, que é o
direito previdenciário”, disse Thayane.
Servidor
Público
Para
o servidor público, a reforma o afetará na medida em que o atira a uma condição
de precarização. Os servidores só poderão se aposentar com o teto salarial se
contribuírem por 49 anos. Assim, como é muito difícil atingir esses 49 anos, o
servidor público se aposentará e será forçado a aderir a um fundo privado de
previdência para complementar sua renda.
Um
exemplo dessa situação é o diretor do Sintrasef Carlos Alberto de Oliveira,
servidor da Universidade Federal Fluminense (UFF). “Eu tenho como comprovar
hoje 33 anos de trabalho, mas se essa reforma passar, eu vou ter que trabalhar
mais 16 anos, quer dizer, 49 anos de contribuição, e só vou sair com integral
na aposentadoria aos 65 anos de idade”, diz ele.
Táticas
de mobilização
As
atividades adotadas pelas centrais sindicais e movimentos sociais são pensadas
de acordo em como alcançar diretamente a população. Por exemplo, no mês em que se
comemora o dia internacional de luta das mulheres, algumas atividades são
feitas para mostrar como a reforma prejudica especialmente as mulheres. Agora
pretende-se igualar o tempo de aposentadoria de homens e mulheres, sem
considerar as jornadas duplas, muitas vezes triplas de trabalho delas. Uma
regressão em um direito que já foi conquistado.
Nas
universidades, os movimentos procuram dialogar com a juventude que
provavelmente trabalhará até morrer sem conseguir se aposentar, e que hoje está
sem uma perspectiva de futuro. Em regiões como o Norte e Nordeste, a militância
trabalha com a perspectiva de vida da população, já que 65 anos é o tempo
mínimo de aposentadoria proposto pela reforma, o que ultrapassa a expectativa
de vida de alguns estados.
Para
Vera Macedo, diretora do Sintrasef e servidora do Comando do Exército, “essas
mobilizações são de suma importância para que a gente consiga derrubar, ou sensibilizar
os parlamentares que vão votar essa proposta de reforma da Previdência cruel,
desumana, que assassina pessoas, assassina trabalhador, porque 49 anos de
contribuição e 65 de idade é para matar. Não dá para você se aposentar, você
morre antes disso”.