Mulheres
trabalhadoras, educadoras, profissionais de saúde, estudantes, negras, lésbicas
e trans ocuparam às ruas em uma das marchas mais expressivas contra a reforma
da Previdência, neste 8 de março, dia da greve internacional da mulher. No Rio,
o ato terminou com jongo e batuque na Praça XV, expressando a luta da
ancestralidade negra.
O 8 de março é a pauta universal com mais expressividade atualmente,
foram cerca de 42 países com mulheres nas ruas buscando a renovação do
movimento e a conexão com as várias formas de luta. “As mudanças sempre
aconteceram a partir da movimentação popular, então é isso que nós estamos
atrás de novo. A juventude está vindo em peso, mas é uma continuidade das
várias movimentações que já tivemos durante o período histórico”, afirmou
Luciene Lacerda, psicóloga da UFRJ.
Para Luciana Boiteux, candidata a vice de Marcelo Freixo à
prefeitura do Rio, a organização foi fortalecida pela marcha das mulheres
contra Trump, mas acima de tudo o 8 de março também tem influência importante
dos movimentos latinos americanos, especialmente o “Ni una a menos”, que fez a
articulação na América Latina. “Nós, da América Latina, sofremos uma situação
muito parecida, somos vítimas de um país que foi colonizado, com uma sociedade absolutamente violenta,
veladora de direitos, nos quais os direitos humanos não são garantidos e nos
quais os desafios para as mulheres são ainda mais graves”, disse.
As mulheres avançaram em uma construção unitária, o que vai
significar um novo momento do feminismo no Brasil e no resto do mundo. Os
ataques aos direitos são muitos, mas hoje a questão da violência contra a
mulher, violência de gênero e a violência da corrente da criminalização do
aborto estão matando mulheres todos os dias. Mas talvez, a reforma da
Previdência é o que pode trazer mais danos à médio e longo prazo dessas
ameaças.
O ato foi mais um dia de luta das mulheres que
resistem, sobrevivem e disputam uma nova forma de fazer política. Mulheres de
sindicatos, de favelas, trans, domésticas e trabalhadoras ocuparam às ruas para
dizer como é a diversidade do feminismo. “Esse ato unitário nessa greve
internacional é fundamental, mesmo com as nossas diferenças, paramos,
marchamos, por nenhuma a menos, pelos direitos das mulheres, as vidas das
mulheres negras e faveladas que estão expostas com seus filhos nas favelas, que
hoje sofrem e são vítimas de todas as formas de violência importam, e se nós paramos
nós produzimos, nós reivindicamos direito e nós legislamos”, declarou a
vereadora Marielle Franco (PSOL).
Em
prol da defesa dos direitos das mulheres e contra a política de austeridade de
um governo ilegítimo todas as centrais sindicais, movimentos sociais e diversos
movimentos feministas convocam toda a população para o dia 15 de março, quando
ocorrerá uma grande marcha com paralisações pelo país para dizer em alto e bom
som que irão barrar a reforma da Previdência.