As
mulheres sempre tiveram papel fundamental na luta da classe trabalhadora. Na
atual conjuntura, com reformas, cortes e menos direitos não será diferente. A
greve internacional de mulheres, puxada por ativistas de mais de 50 países,
convoca todos a comparecerem aos atos do dia 8 de março para marcar o dia de
luta das mulheres e resistir aos ataques do governo golpista. No Rio a
manifestação será na Candelária, com concentração às 16h.
O
movimento destaca que uma das mais importantes alternativas na adesão à greve é
parar por um dia os trabalhos domésticos, para torná-los visíveis,
principalmente para o governo que propõe na reforma da Previdência igualar o
tempo de contribuição entre homens e mulheres, e ignora que a grande maioria de
mulheres cumpre jornadas duplas de trabalho diariamente.
Segundo
dados de 2011, da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD), as mulheres dedicavam, em média, 21,8
horas semanais às tarefas domésticas e de cuidado, representando mais do que o
dobro de tempo da dedicação dos homens, com 10,3 horas semanais.
Para
Tatiane Alves, servidora pública professora da UERJ, o governo golpista não
atinge igualmente homens e mulheres, e no interior das instituições elementos
de diferenciação também são postos. “É por isso que, embora a presença de
mulheres nos serviços públicos seja grande, essa expressão numérica não se
reflete nos cargos dirigentes, sendo esses ocupados majoritariamente por
homens. Precisamos lutar pelo reconhecimento da qualidade técnica do nosso
trabalho, precisamos afirmar que as mulheres que estão à frente dos
estabelecimentos públicos não entraram pela janela, mas foram aprovadas em
rigorosos concursos públicos, acima de tudo pelo mérito e pela competência, não
importando suas características físicas ou comportamentais”, declarou.
A
greve do dia 8 funcionará nos moldes da greve geral organizada na Argentina em
2016. Cecília Palmeiro, uma das coordenadoras do movimento “Ni una a menos”, na
Argentina afirma que o trabalho das mulheres desvalorizado no mercado sustenta
a economia capitalista. “Nós queremos visibilizar que as violências contra as
mulheres estão na base da violência econômica contra as mulheres”, disse. Dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 44%
das mulheres empregadas no país não têm carteira assinada (contra 37%
entre homens). As mulheres também são as mais afetadas pela taxa de desemprego;
entre elas, o índice é três pontos percentuais mais altos, 13,8%.
Palmeiro
ressalta que o ideal seria um dia sem opressões e agressões contra as mulheres,
“se isso acontecesse, a produtividade do país tenderia a melhorar com
o tratamento igualitário para ambos os gêneros no mercado de trabalho, por
exemplo. E, em apenas 24 horas, 131 mulheres deixariam de ser estupradas,
as vidas de 16 seriam poupadas e 205 deixariam de ser agredidas”,
afirmou.
PEC
287/16
É
grande o número de servidoras públicas que são vítimas da tentativa de reforma
da Previdência. A PEC propõe alterar pilares que estruturam a aposentadoria e
incluem o tempo de contribuição, idade mínima, cálculo do valor dos benefícios
e forma de financiamento da Previdência. Com a mudança no financiamento, a PEC
possibilita o incentivo à previdência privada, mas sem nenhum instrumento que
garanta a preservação do patrimônio investido pelo trabalhador.
No
caso das servidoras, a PEC 287 propõe que sejam revogadas todas as regras de
transição já aprovadas para que seja criada uma nova regra com retirada de direitos.
Como regra geral a PEC prevê o aumento para dez anos de efetivo exercício e 5
anos no mesmo cargo. Exige 25 anos de tempo de contribuição e 65 anos no mínimo
para ambos os sexos. A PEC ainda regulamenta o fim do direito a paridade e
obriga o servidor a aderir ao regime complementar, mexe com pensionistas, abono
permanência e aposentadorias por invalidez.
Há
ainda a previsão de um gatilho na PEC para que toda vez que o IBGE aumentar a
expectativa de vida do brasileiro, automaticamente seja aumentada a
obrigatoriedade do trabalhador em contribuir por mais um ano antes de alcançar
o direito de se aposentar. Essa combinação de regras da PEC 287/16, que puxa
para baixo o valor do benefício e traz estímulos sutis e outros nem tanto de
incentivo à previdência privada, é o que deve ser fortemente combatido pela
classe trabalhadora.
Veja
abaixo as alternativas de aderir à greve internacional de mulheres:
Vista
uma peça de roupa ou adereço da cor lilás como símbolo de participação no
movimento (ou coloque uma bandeira da mesma cor na sua janela);
Pare
por um dia as tarefas domésticas como: cozinhar, limpar, cuidar;
Interrompa
as atividades laborais remuneradas por toda uma jornada;
Caso
não consiga, pare no seu trabalho durante a hora M, que será definida localmente
(algumas cidades brasileiras adotarão o intervalo de 12h30 à 13h30);
Durante
a hora M, reúna-se com suas colegas de trabalho para conversar sobre a
desigualdade que afeta a todas as mulheres;
Saia
às ruas para protestar junto a outras mulheres no horário definido localmente;
Cidades
brasileiras que aderiram ao movimento internacional:
Capitais/Estados
em ordem alfabética:
BELÉM, BELO HORIZONTE, BOA VISTA, BRASÍLIA, CAMPO GRANDE, CUIABÁ, CURITIBA, FORTALEZA, GOIÂNIA, MACAPÁ, MACEIÓ, PALMAS, PARAÍBA, PORTO ALEGRE, RECIFE, RIO BRANCO, RIO DE JANEIRO, SALVADOR, SANTA CATARINA, SÃO LUIS, SÃO PAULO e
VITÓRIA
Demais
cidades em ordem alfabética:
AFOGADOS DA INGAZEIRA-PE, AMAMBAI-MS, ATIBAIA-SP, ARARAQUARA-SP, BLUMENAU-SC, BRUSQUE-SC, CAJAZEIRAS-PB, CALDAS-MG, CAMPINA GRANDE-PB, CAMPINAS-SP, DOURADOS-MS, ESTEIO-RS, GUARAPUAVA-PR, IMPERATRIZ-MA, IRATI-PR, JATAÍ-GO,
JAGUARÃO-RS, JARAGUÁ DO SUL, JOINVILLE-SC, JUIZ DE FORA-MG, LONDRINA-PR, MACAÉ-RJ, MARINGÁ-PR, NOVA IGUAÇU-RJ + BAIXADA FLUMINENSE-RJ, NOVO HAMBURGO-RS, OURO PRETO-MG,
PARANAGUÁ-PR, PELOTAS-RS, PETRÓPOLIS-RJ, PITANGA-PR, PORTO NACIONAL-TO, QUIXADÁ-CE, RIBEIRÃO PRETO-SP, RIO BRANCO-RS, SANTA MARIA-RS, SANTARÉM-PA, SANTOS-SP, SÃO BORJA-RS, SÃO LEOPOLDO-RS, SÃO LUIZ DO PARAITINGA-SP, SAPUCAIA-RS, SOBRAL-CE,
TRÊS RIOS-RJ, UBERLÂNDIA-MG, UNIÃO DA VITÓRIA-PR, VOLTA REDONDA-RJ