Em sessão tumultuada na Câmara dos Deputados nesta
quarta-feira (2/8), os parlamentares decidiram, por 263 votos contra a denúncia
e 227 votos favoráveis, rejeitar a denúncia da Procuradoria Geral da República
(PGR) contra o presidente golpista, Michel Temer (PMDB), acusado de corrupção
passiva. O plenário analisou o relatório da Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ), que indicava o arquivamento da denúncia contra Temer. (Veja na foto os
deputados do RJ que votaram a favor de Temer)
A sessão foi marcada por empurrões, discussões e
acusações de deputados da oposição de que houve compra de votos por parte do
governo para que parlamentares se alinhassem à base governista. Há denúncias de
que durante a sessão, representantes do Planalto negociavam a liberação de
emendas parlamentares para garantir a votação favorável ao arquivamento da
denúncia.
Também nesta quarta, Temer exonerou dez ministros de
seu governo, para que eles retornassem à Câmara. Na sessão, eles votaram pelo
arquivamento da denúncia de corrupção passiva.
Entre o início de junho e o final de julho, foram
liberados mais de R$ 4,2 bilhões para os deputados. Para se ter uma ideia, no
período de janeiro até maio, antes de o caso da JBS vir à tona atingindo o
chefe do Executivo, o governo havia liberado um montante de R$ 102,5 milhões.
Os números partem de um levantamento feito pela Organização Não Governamental
(ONG) Contas Abertas.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) usou a tribuna
para criticar a fala de deputados da oposição que fizeram firme defesa de
Temer. “Isso demonstra a desqualificação total do Parlamento”, disse. Ele
lembrou que 85% da população brasileira quer a saída de Temer da Presidência da
República. “Como o Congresso Nacional faz ouvidos moucos e finge que não ouve a
sociedade?”, questionou.
Voto contra a população
A votação do parlamento brasileiro permanece, de
fato, dissociada dos anseios populares. Segundo pesquisa da CUT/Vox
Populi, publicada nesta quarta-feira, 93% dos brasileiros acham que os
parlamentares deveriam acatar o prosseguimento da investigação contra Michel
Temer.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) apontou, também
durante a sessão, que a “única solução possível é a democracia”. Zarattini
também afirmou que Rodrigo Rocha Loures, assessor de Michel Temer, flagrado ao
carregar uma mala com R$ 500 mil para negociar, em nome do presidente golpista,
propinas para atender interesses da empresa de proteína animal JBS, “tem muito
o que dizer, mas até agora não foi ouvido”.
Segundo o deputado Alessandro Molon (REDE-RJ), “esse
é um momento que nós não esperávamos que o país passasse”. “Os brasileiros
estão cansados de ver o parlamento passar a mão na cabeça de quem comete
crimes”, completou.
O que acontece agora?
Com a rejeição à denúncia na Câmara dos Deputados, o
processo penal contra Temer ficará paralisado até que o presidente
golpista deixe o governo. No entanto, o Procurador Geral da República, Rodrigo
Janot, deverá apresentar outras duas denúncias contra o peemedebista.
As novas denúncias teriam que percorrer o mesmo
caminho da primeira, ou seja, ser analisada pela Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ) e depois voltar ao plenário da Câmara. (Com agências)
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