A preocupação
de servidores do Executivo em diferentes regiões do país tem sido recorrente: a
precarização das condições de trabalho aumentou em muitos locais, fruto da
ausência de verbas e cortes nos orçamentos promovidos sistematicamente como política
imposta pelo governo. A situação que já não era favorável ao setor público foi
agravada a partir da aprovação da Emenda Constitucional (EC) 95/16, que impõe
limites severos para investimento no setor público pelos próximos vintes anos.
Em
seminário promovido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socio Econômicos (Dieese) na semana passada, o auditor federal de Finanças e
Controle, Bráulio Cerqueira, chegou a destacar que a revogação desta emenda é
determinante para que o País inicie um processo de recuperação de sua economia.
“Com essa imposição que limita investimentos públicos ninguém conseguirá
governar”, disse ele.
Ainda
de acordo com o auditor, o caos no setor público é inadmissível em um cenário
onde o governo possui mais de R$ 370 bilhões em reservas internacionais e mais
de R$ 1 trilhão em caixa. . Dados revelam que até agora o governo liberou
somente 37,2% das verbas destinadas ao setor público. Para ele vivemos uma
crise de receitas e não de despesas. A retirada de direitos imposta tanto pela
reforma Trabalhista, aprovada também semana passada no Senado, quanto pela
reforma da Previdência que o governo ilegítimo tenta aprovar, acrescenta outros
componentes que devem agravar ainda mais a crise instalada no País. “Em nenhum
lugar do mundo é possível sustentar um cenário onde se adota a retirada
drástica de direitos enquanto se impõe uma recessão à maioria da população e ainda
priva essa população de ter acesso aos serviços públicos”, analisa Sérgio
Ronaldo da Silva, secretário-geral da Condsef/Fenadsef.
Para
diversos especialistas existe uma agenda alternativa que poderia ser adotada
minimizando impactos negativos desse cenário. “O ajuste e esta agenda recessiva
são uma decisão política”, observa Cerqueira. Além da revogação imediata da
regra constitucional que impõe a redução dos investimentos públicos por 20
anos, para ele a aceleração no ritmo da queda da taxa básica de juros seria um
dos pontos a serem feitos para alterar esse cenário. O aumento real do salário
mínimo e o reforço da fiscalização a empresas que devem a Previdência também
estão na lista de ações que garantiriam outro rumo para nossa economia. Vale
lembra que este ano a dívida de empresas com a Previdência chegou a quase
R$ 500 bilhões.
Para a Condsef essa política recessiva cria um
ambiente insustentável para a economia que é agravado pelo frágil momento
político vivido no País. “Estrangular os serviços públicos só trará mais caos e
problemas a esse cenário já frágil”, avalia Sérgio. “Não podemos assistir a
essa derrocada dos investimentos públicos e ataque a nossos direitos calados. É
preciso reagir e rápido ou não teremos condições de apagar tantos incêndios”,
alerta o secretário-geral da Condsef/Fenadsef.
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