sexta-feira, 21 de julho de 2017

Debate sobre raça e gênero mostra a dura realidade pós golpe e a necessidade de reconstrução através da união e luta

Servidores participaram nesta quinta-feira (20/7), no auditório do sindicato, da roda de conversa e reflexão “Desigualdade de Raça e Gênero no Mercado de Trabalho”, com Adriana Martins, feminista negra integrante da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB). A conversa fez parte do ciclo de debates promovido pelo Sintrasef e marcou a passagem do Dia Latinoamericano e Caribenho da Mulher Negra, celebrado no dia 25 de julho.
Adriana expôs a realidade da mulher negra no Brasil, que é a última na fila de oportunidades educacionais, de trabalho e de renda. Como exemplo ela citou essa última semana após a aprovação da reforma trabalhista, que já vitimou inúmeras profissionais negras, especialmente jovens, na lógica capitalista de “redução de custos”.
Para ela, não existe outra alternativa para essas jovens negras a não ser “vir para o movimento. Se organizar. Ir para a rua lutar contra o racismo”. Adriana explica que “a educação e a ascensão não acabam com o racismo, porque ele se reinventa. E como o racismo é uma das bases do capitalismo, e ele está sempre se reestruturando, os negros têm que continuar a luta, a nossa caminhada, para extirpar esse mal do mundo”.

Desigualdade 

Durante a conversa Adriana traçou uma panorâmica da dura realidade da raça negra, principalmente das mulheres, na tentativa de participar da economia remunerada do país. Participar da economia a negra sempre participou, mas como escrava, sem receber pelo seu suor e aumentando o lucro dos patrões.
No decorrer dos anos, apesar da abolição dos escravos, a situação melhorou pouco, com em geral as negras trocando a senzala pelo quarto de empregada das famílias brancas e às vezes conseguindo uma regularidade em salários e direitos como folgas semanais, férias remuneradas e contagem para a aposentadoria.
O único momento histórico em que as mulheres negras vivenciaram uma ascensão econômica e social foi com o ciclo de governos do PT. Mesmo sem uma política de reparação histórica para compensar os anos de escravidão, as políticas inclusivas dos anos Lula e Dilma possibilitaram a regularização de direitos trabalhistas como o das empregadas domésticas, a valorização do salário mínimo, a possibilidade de formalização de atividades antes excluídas e o acesso à educação superior e formação técnica para os negros. Segundo Adriana, a participação da raça negra nas universidades pulou de 3% para 20%, com grande parcela de mulheres.
Infelizmente, esse Brasil multiracial e multitalentoso que despertou e começou a construir um novo mundo foi ferido pelo golpe antidemocrático das elites política, midiática e judiciária para reestabelecer a perversa e inaceitável lógica de muitos negros trabalhando para o deleite econômico e social de poucos brancos.

Reconstruir

Os servidores e Adriana nomearam durante a conversa os diversos retrocessos que o golpe traz e seus prejuízos para os últimos da fila econômica e social, os negros. A redução de gastos sociais do governo fecha escolas e hospitais públicos. A política econômica por interesse faz vista grossa para o problema das drogas e elege o combate à violência como sinal verde à violência de estado e ao extermínio daqueles não interessantes ao mercado: os jovens negros. As utopias políticas que se transformam em igualdade social são trocadas por utopias eternas gerenciadas por políticos que usam a fé alheia como meio de não reclamação da manutenção das desigualdades.
Identificados os obstáculos, os servidores também traçaram planos para eles serem ultrapassados e o país reencontrar a democracia e justiça social, com respeito às diferenças, crescimento econômico distribuído entre todos e uma cultura plural.
Um desses caminhos é o ciclo de debates do Sintrasef. Participe!                         

      
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