quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Lançamento do relatório anual da Anistia Internacional: mulheres negras na resistência e mobilização por direitos humanos

Nesta quarta-feira (22/2), a população do Rio teve o privilégio de ouvir e dialogar com algumas das mais potentes vozes em prol da defesa dos direitos humanos no Brasil e no mundo. O lançamento do relatório anual da Anistia Internacional marcou a chegada de Jurema Werneck à frente da direção executiva da Anistia Internacional Brasil. Além de Jurema, participaram do debate Djamila Ribeiro, mestre em Filosofia Política pela Unifesp, Marion Gray-Hopkins, ativista e mãe de Gary Hopkins, morto pela polícia nos EUA, Shackelia Jackson, ativista e irmã de Nakiea Jackson, morto pela polícia na Jamaica, e Vilma Reis, socióloga e ouvidora geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia.

A atividade foi no Cine Odeon, no Centro, com mediação de Sueli Carneiro, integrante do conselho consultivo da Anistia Internacional Brasil, doutora em Educação pela USP e diretora do Geledés Instituto da Mulher Negra (organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros). Em sua fala, Sueli Carneiro ressaltou que as mulheres negras carregam em seus corpos as marcas e os estigmas de múltiplas formas de opressão, e por isso mesmo são também portadoras dos requisitos indispensáveis para emancipação de todas e todos.


Djamila Ribeiro, também fez sua leitura sobre as implicações e violações dos direitos humanos na vida das mulheres negras em diálogo com o relatório anual da Anistia Internacional sobre estado dos direitos humanos no mundo. “Falar de resistência é falar de mulheres negras. Como é importante o acúmulo que essas mulheres negras trazem quando vão ocupar espaços como esse. Nós só estamos aqui hoje porque existiram mulheres como Dandara, como Aqualtune, como Carolina Maria de Jesus. Somos fortes sim porque sobrevivemos as várias tentativas desse país de nos calar, desde políticas de branqueamento, à não criação de mecanismos de inclusão para a população negra pós-abolição, e tantos outros mecanismos que nos colocam na marginalidade. Mas eu acho que é importante também a gente não naturalizar isso. A partir do momento em que a gente naturaliza, a gente tá escondendo a omissão do Estado. A gente tem que ser forte porque esse estado é omisso e nos violenta todos os dias. É importante jogar a responsabilidade para quem ela tem que ser jogada”, disse.
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