Nesta quarta-feira
(22/2), a população do Rio teve o privilégio de ouvir e dialogar com algumas
das mais potentes vozes em prol da defesa dos direitos humanos no Brasil e no
mundo. O lançamento do relatório anual da Anistia Internacional marcou a
chegada de Jurema Werneck à frente da direção executiva da Anistia
Internacional Brasil. Além de Jurema, participaram do debate Djamila Ribeiro,
mestre em Filosofia Política pela Unifesp, Marion Gray-Hopkins, ativista e mãe
de Gary Hopkins, morto pela polícia nos EUA, Shackelia Jackson, ativista e irmã
de Nakiea Jackson, morto pela polícia na Jamaica, e Vilma Reis, socióloga e
ouvidora geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia.
A atividade foi no Cine
Odeon, no Centro, com mediação de Sueli Carneiro, integrante do conselho
consultivo da Anistia Internacional Brasil, doutora em Educação pela USP e
diretora do Geledés
Instituto da Mulher Negra (organização
da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros). Em
sua fala, Sueli Carneiro ressaltou que as mulheres negras carregam em seus
corpos as marcas e os estigmas de múltiplas formas de opressão, e por isso
mesmo são também portadoras dos requisitos indispensáveis para emancipação de
todas e todos.
Djamila Ribeiro, também fez sua leitura sobre
as implicações e violações dos direitos humanos na vida das mulheres negras em
diálogo com o relatório anual da Anistia Internacional sobre estado dos
direitos humanos no mundo. “Falar de resistência é falar de mulheres negras.
Como é importante o acúmulo que essas mulheres negras trazem quando vão ocupar
espaços como esse. Nós só estamos aqui hoje porque existiram mulheres como
Dandara, como Aqualtune, como Carolina Maria de Jesus. Somos fortes sim porque
sobrevivemos as várias tentativas desse país de nos calar, desde políticas de
branqueamento, à não criação de mecanismos de inclusão para a população negra
pós-abolição, e tantos outros mecanismos que nos colocam na marginalidade. Mas
eu acho que é importante também a gente não naturalizar isso. A partir do
momento em que a gente naturaliza, a gente tá escondendo a omissão do Estado. A
gente tem que ser forte porque esse estado é omisso e nos violenta todos os
dias. É importante jogar a responsabilidade para quem ela tem que ser jogada”,
disse.