A 21º edição da Parada do Orgulho
LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros)
aconteceu neste domingo (18/6), em São Paulo, onde milhares de pessoas ocuparam
a Avenida Paulista com irreverência e alegria. Desta vez a mobilização ganhou
um caráter político mais profundo em um país onde o futuro de milhares de
cidadãos é decido através de um Congresso Nacional com forte influência da
bancada evangélica. O tema de uma das maiores paradas do mundo foi
“Independente de nossas crenças, nenhuma religião é lei. Todos e todas por um
Estado laico”. O Rio de Janeiro é um exemplo dessa ameaça religiosa. A segunda
maior cidade do país corre o risco de não ter parada LGBT este ano por ter como
prefeito o evangélico Marcelo Crivella (PRB).
A Parada apontou a necessidade de
resistir e lutar por políticas públicas em defesa dos direitos humanos.
Principalmente em um país marcado pela discriminação à orientação sexual, onde
nos quatro primeiros meses deste ano ocorreram 117 assassinatos de pessoas
lésbicas, gays, bissexuais e transexuais, segundo dados do Grupo Gay da Bahia
(GGB).
Para o coordenador do Coletivo
LGBT da CUT de São Paulo, o metroviário Marcos Freire, a Parada ajuda a colocar
em debate o modelo de sociedade que desejamos e estamos construindo. “Ela dá visibilidade
aos avanços que tivemos para a população LGBT, mas mostra também os nossos
desafios, já que temos um Congresso conservador num momento de golpe que tem
como objetivo a retirada de direitos”, afirmou.
Walmir Siqueira, do Coletivo LGBT
do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo
(Apeoesp), acredita que a bancada religiosa se fortaleceu no poder desde que
foi dado o golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. “Sabemos que o
golpe acentua o fascismo e a discriminação. Aí cresce o machismo, a LGBTfobia,
o xenobofismo e outros ódios. E não é segredo que o estado de São Paulo é o que
mais mata a comunidade LGBT”, disse.
Para a baiana Thaís Lima da Silva,
o tema sobre a laicidade do Estado deste ano é importante. "Eu sou
católica e acredito muito em Deus. Deus é maravilhoso com todos nós. O estado
laico é a religião para todos", disse.